segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Reencontro-Parte 2


Uma década transcorrida e a mulher de cabelos cacheados comia algodão doce no parque de diversões,quando subitamente,uma criança toca nas suas costas e pergunta:
-Pode pagar um pra mim?

Enquanto isso,uma adolescente sonhadora crescia em sua casa,vinda de um orfanato
E uma grande amiga nasce de um encontro lotérico em uma montanha-russa

O encontro delas foi naquela tarde azul de 2018
Luíza, Mariana, Ângela e Lúcia
Elas não sabiam que aquele dia seria tão significativo

O que Ângela diria para Mariana se a encontrasse numa rua calma?
Que conselhos Lúcia daria para que Ângela não sofresse por seu amado?
Quem seria o pai de Luíza?
Qual é o limite entre o que fomos,o que somos hoje e o que seremos amanhã?
Será que Ângela se reconheceria caso esbarrasse com ela própria no futuro?
O que fica no passado?
O que levamos conosco?
O que é transformado ao longo de todo o percurso?

A senhora não quer pesquisar esse mistério
Ela quer apenas sentir a brisa e o balanço da rede que embala recordações
Não importa para ela medir o quanto foi bom ou ruim
A vida ensinou a amar,sofrer,rir,voar,brincar e até morrer
E era essa a chave preciosa que ela ansiava
A fórmula do crescimento que o tempo carregava
Os encontros de cada momento
A reconstrução
O reencontro de si

O Reencontro-Parte1



No ano de 1980 nasceu Luíza
A bebezinha gostava de observar o céu sempre que a empurravam naquele carrinho pequeno
Era observadora e apenas engatinhava o seu experimentar no mundo

Um dia, um rapazinho ensinava a menina a desenhar;
Mas ela gostava mesmo era de ir para a casa da avó
Era naquele lugar acolhedor que ela se sentia segura
Ali encontrava o ancestral e o familiar enquanto a doce criatura tricotava ao seu lado
Mariana cantava,dançava e já sonhava em voar

Aproximando-se do novo milênio;uma flor de beleza e consciência começava a desabrochar
Era primavera quando Ângela começou a desvendar as dores do mundo
Ela não imaginou que teria que lutar somente com o que a sua pouca idade e experiência havia lhe proporcionado
A jovem garota dos cachos loiros descobre os contratempos da vida e também o amor
Amor que ninguém via,mas que para ela estava sempre em todo o lugar

No percorrer de alguns anos,Lúcia se encontrava confusa entre as ausências de boas oportunidades
Uma mulher forte e cada vez mais lúcida amadurecia
Porém,a fruta doce e leve se tornou uma mistura do amargo com o ponto de interrogação
Quem Lúcia foi?
Quem seria essa mulher dali em diante?
Uma nova e desconhecida fase surgia

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Gaiolas



Os pássaros da casa de Joana vivem em gaiolas
Mas a dona desses bichinhos não sabe o que faz
Quer condicioná-los a satisfazer às suas vontades
Porém,pássaros precisam ser livres
Somente assim podem exibir sua beleza maior

A vida os colocou naquele lugar,naquele momento
E quanto a isso,nada podiam fazer
Mas e se um dia alguém entrasse na casa e decidisse soltar os pássaros?
Aí a sorte dessas criaturas estaria lançada
Mas qual seria a chance deles?
Ninguém sabe
Não existe previsão para o incerto da vida de cada um

Os coitadinhos estariam condenados a passar uma vida inteira naquelas circunstâncias?
Teriam eles a idéia de como seriam seus outros caminhos?
Certamente não.Mas ainda assim almejam ser livres
A liberdade é o nosso desejo latente
É o essencial que não pode ser esquecido

A autoridade quer afogar nossa identidade
Mas o que é nosso, deve ser preservado

A arte é a fonte que liberta e acolhe
O consolo,o abrigo
Quero repousar no teu colo quente
Ser sua melhor amiga
E quem sabe assim possamos um dia convencer Joana a abrir as gaiolas.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A vida de Ana



Ana ia todo dia para o trabalho
Pegava sempre o mesmo ônibus
Via sempre aquelas mesmas pessoas
Ana tinha sonhos

Um dia ela se perguntou:
O que seria do mundo se todas as pessoas fossem interrogadas sobre como gostariam que suas vidas fossem? O que cada um daqueles rostos que ela via todos os dias no ônibus responderia?

Ana seguiu sua rotina
Ela tinha que ganhar a vida,garantir o pão de cada dia
As vezes, ela olhava da janela as crianças que brincavam inocentemente
Mas o tempo passava...
Seus filhos iam crescendo
Estes eram a sua vida
Quanta vitalidade e criatividade tolida se via expressa naquele rosto meigo de mãe

Com o passar do tempo, o trabalho árduo a deixou doente
Suas pernas e mente já não tinham mais a mesma força
A senhora atravessava a rua distraída carregando um saco de frutas frescas
As laranjas se espalharam pela rua toda dispersando os motoristas
Ana se foi

No dia seguinte o tráfego continuou seguindo o mesmo ritmo
A vida daquelas pessoas não mudou
E um menino abandonado e faminto foi fotografado comendo uma laranja