segunda-feira, 11 de maio de 2009

Era a Ana


Após a morte de Ana tudo o que era claro ficou escuro
Sombras...
Vejo as sombras de suas vestes no chão enquanto a moça dança e marca a sua luz no mundo:a sua beleza interior
Eu não sabia que Ana estava tão presente em mim,em cada passo despercebido dessa minha vida cega.

Nunca imaginei que a tua ausência brusca me deixaria tão revolto e me traria tantas incertezas para o restante dos meus dias;pois era ela,era ela,era ela a mulher da minha vida.
Era Ana aquela que sempre habitou todos os meus sonhos reprimidos,sufocados,camuflados.

Que peso caiu sobre os meus ombros naquela noite triste!
Ao perceber que Ana sofria em tantos momentos e que eu estava distante.
Me afastei dos princípios mais nobres porque a temia.Ela me faria tremer como um menino frágil que depende da proteção de uma mãe.

Após ver seu rosto pálido pela última vez,fui até sua casa.
Lá encontrei seus rastros de solidão:música,livros,escritos,roupas,pertences e pequenos objetos.
E como cada uma daquelas coisas tinha valor!
Era a marca de quem passou pela vida como uma pluma:leve;
como uma caixa vazia:que ninguém valoriza;
como um vulcão extinto:no qual ninguém acredita haver força.
Toquei cada um daqueles objetos e deitei entre seus lençóis que ainda continham o seu cheiro

Uma corrente interminável de lágrimas escorreram dos meus olhos como nunca outrora havia acontecido.
Um grito furioso de dor ecoou das minhas cordas vocais e eu não conseguia mais seguir em frente sem a presença radiante e pura de Ana.

Percebi o sentido da minha vida e descobri que somente por ela e por causa dela eu seria capaz de reformular todos os valores que regiam a minha vida.
Mas agora era tarde.E toda aquela ilusão de felicidade que eu acreditava ter antes de sua partida,foi-se junto com ela.
E com meus braços ,violentamente, peguei alguns comprimidos que haviam dentro da minha pequena mala e em um ato desesperado de quem se depara pela primeira vez com o auto-desconhecimento;eu engoli todos eles.
Eu não sabia que era ela quem eu buscava nas minhas relações,nos meus sonhos,nos instantes em que tudo parecia tão incerto
Era a Ana
Era a Ana
Era a Ana

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