quinta-feira, 27 de março de 2014

O mistério chamado dor

A dor acompanha a história do homem
Ela desafia nossas forças no mundo
É misteriosa e usa vestes sombrias

Não sabemos os seus porquês
Porém todos estão expostos aos seus trajetos
É ela que dita e estabelece a sua vontade quando deseja
E com ela temos que aprender a caminhar, tropeçar, recomeçar, crescer e crer

Não entendemos os seus propósitos
Mas a natureza sabe
Cada qual traz a sua bagagem
E assim seguem os ciclos de queda e de ascensão da humanidade

A dor quer nos ensinar
Mas resistimos à sua maestria
Não percebemos a sua soberania
E persistimos sem aprender com o seu conteúdo

Como uma casca de noz em que é preciso bater e quebrar para se ver o que há dentro
Assim é o sofrimento da humanidade em que nosso interior é contorcido
Nosso íntimo ser é chamado a indagar-se sobre o motivo de tais desacatos
Desacato da vida para conosco
Peças que necessitam de um encaixe, mas não sabemos ao certo qual é o pedaço faltante

E como num quebra-cabeças
a dor é o veículo necessário para encontrar o que falta
O preenchimento para nossas almas
O alívio que tanto almejamos sem suspeitar

Assim é a dor e a sua beleza
Onde está o seu habitat?
Nas comunidades que buscam insanamente a harmonia?
Na natureza inerente aos seres humanos?
Na busca por paz e serenidade?

Assim é a dor:
Justa e altruísta?
Produzida ou fatalista?
Fruto do destino ou do livre arbítrio?

São perguntas sem respostas
Porém a dor sempre estará presente
em qualquer cultura ou tempo
Assim é esse duro e doce mistério chamado dor.

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