quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Poesias Escolhidas Volume 2: O Melhor de mim

Mais uma vez participei desse belo projeto que contou com a participação de poetas de todo o Brasil
O livro se divide em três temas: Humanidade, Poesia e Liberdade
Contribuí com duas poesias que giram em torno de dois dos temas: Humanidade e Liberdade. As poesias se chamam: "Não sabemos" e "Gaiolas". Estão aqui no blog também.
Quem se interessar pelo projeto e livro pode falar comigo. Custa apenas 20,00.
bjsss a todos!

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Os encontros da alma

Se eu não tiver o alimento que me é próprio, morro.
Como uma bela flor que quando colhida perde a sua cor
Cinza e apagada fico
Como um quadro de Monet no escuro
A minha luz se apaga

Eu não me vejo, não me enxergo
E quem comigo se encontrar
Também não perceberá a minha luz
Pois o amor precisa de vida
Como as rosas e as preciosas obras de arte.

-Como posso sentir teu aroma, Flor, se tu mesma te escondes?
-Saia dessa caverna escura onde tu mesma te afogas! Quero sentir teu perfume! Onde estás?

A Beleza fala: - Essa é a tua natureza divina! Não te envergonhes dela! Eu estou em ti, mas ainda não respiro ar puro.

-Eu respondo: Compreendo, preciso ver meu reflexo do outro lado da camada poluída de um rio.
Preciso descobrir a minha essência e dela ser proprietária, para, assim, florescer, como as flores dos mais belos campos de tulipas da Holanda.

Agora posso escutar a tua voz e a voz das mais sublimes almas que o destino a mim reserva. Liberdade e autonomia! Perder o medo de sermos autênticos!

terça-feira, 17 de junho de 2014

Tributo ao amor

Afrodite perguntara aos homens o que é o amor enquanto os povos o retratavam por sua forma leve, doce e feminina.

Jesus Cristo perguntava aos homens o que é o amor enquanto esfomeados não dividiam o pão.

Buda tentara ensinar aos homens sobre o amor enquanto reinos se preocupavam tão somente com o luxo de suas realezas.

Um homem simples que caminhava diariamente na direção do mar, ao avistá-lo dizia: Obrigado Deus por estar vivo para que eu possa desfrutar dessa natureza!

Amor é quando nos tornamos conscientes de todas essas lutas e brigas sem sentido.
É quando percebemos que somos parte de um todo muito maior.
É quando paramos para sentir a brisa do mar e a voz da natureza.
É quando nos afastamos das nossas frustrações e guerras fúteis para ajudar aqueles que precisam de nós.

Amor é todo o esforço desses mestres para nos ensinar sobre o amor.

Para saber o que é o amor, há que vivê-lo,
Há que transmitir o amor,
Há que buscar o amor no fundo do peito,
Como uma mãe que sente o que seu filho sente em seu ventre-abrigo.



segunda-feira, 2 de junho de 2014

Vol 1 Poesias escolhidas Vozes de uma alma

Vol 1 Poesias escolhidas Vozes de uma alma, primeiro livro em que publico três textos meus juntamente com mais 84 autores.
O livro é dividido em três temas. Os temas são: amor romântico, espiritualidade e amor erótico.
Esse será o primeiro entre outros que virão. Estou vendendo cada livro por 20,00.
Para quem curte poesia vale muito a pena!
Quem quiser basta me avisar e entrego pessoalmente ou combinamos o envio.
Agradeço desde já aos que curtiram meus textos no face e aos que me proporcionaram a participação nesse projeto.
Quem se interessar basta deixar mensagem aqui no blog, no meu facebook (Flávia Negrini) ou pelo email negrinister@gmail.com.
Um beijo grande a todos!

A liberdade

Ser livre é estar desperto.
É quando a consciência vem à tona e percebemos quem nós éramos, quem nós sempre fomos.
Quando nos afastamos de nós mesmos ficamos reféns das tempestades, das tormentas e seres que ainda não sabem o que é o bem.
Quando achamos o nosso maior tesouro, quando entendemos que ele está em nós e não nas coisas exteriores.
Quando estamos no eixo e direção certos, somos mais fortes que as maiores quedas d'águas ou explosões do Universo,
somos mais livres que qualquer pássaro e mais luminosos que qualquer lua ou estrela.
A natureza nos fez assim: Todos almejamos essa liberdade, mas nos perdemos no meio do caminho.
Não podemos desistir de nós mesmos.
Da nossa liberdade: Nosso bem mais valioso.

A chave

No esforço de uma minhoca para se tornar borboleta
No olhar estático e lento de um beija-flor
Na preguiça aparente de uma coruja
No nascer do Sol de cada dia
No descanso de um felino
Na natureza que nos ronda está a chave: As respostas que tanto precisamos.
Na harmonia entre estrelas e planetas
Nas explosões cósmicas
Na gestação de um bebê
Nas nossas guerras interiores
Na natureza que nos cerca está a chave: As respostas que tanto procuramos
Basta sentir, observar, dar-nos tempo ao tempo e concluir
A chave está em nós.

Não sabemos

Vamos caminhar juntos
Enlaçar nossas mãos
Pois o amanhã já vem
E não sabemos...

Não sabemos se a aurora luminosa do hoje se reveste do véu negro de um futuro desconhecido e sombrio
Vamos nos unir
E que desse calor surja uma nova humanidade pela qual anseio como uma mãe que espera o filho que se foi e que nunca volta
Espero por ti

Por que nos iludimos tanto?
Até quando?
Nossa alma anseia por um reencontro
Mas precisamos de um norte
Para onde estamos indo?

Nossa consciência está abafada
É preciso revirar tudo outra vez
Resgatar nosso ser puro
Encontrar a essência humana
Pois o amanhã já vem
E não sabemos...
E não sabemos...

Nossas mãos estranhas se cansam de tatear sozinhas e em vão
É preciso caminhar juntos
Pois a união está na natureza
E não sabemos...
E não sabemos...

Paixão

A paixão é traiçoeira
Ela diz muito sobre o que somos
Já que através dela, por breves momentos, vemos a nós mesmos nos olhos de um estranho
E nele projetamos nossos desejos, nossos sonhos
Sem pensar se os do outro são também os nossos
Lá está nosso reflexo que pode ser real ou mera ilusão
Uma brincadeira que pode ser uma bela de uma rasteira
Uma armadilha para nossos corações que podem sair machucados e chorosos
Ou alegres e extasiados
Pode ser uma verdade, mas só o tempo nos dirá
Por isso não acredite nela
Num primeiro instante é preciso duvidar
Se quiser imaginar teus dias na sua presença
Faça dela um mero sonho
Aproveite sua dôce magia

A primeira paixão de Alfredo

Ah, aquele amor de Alfredo! A menina que lhe tirava o fôlego!
Ele ficava até com calafrios ao observar seus gestos tão delicados.
Aninha que lhe deixava assim, fogoso, a pensar nela o dia inteiro.
O garoto ansioso, sentindo seu coração palpitar dentro do peito,
Já não conseguia mais se concentrar em seus deveres de estudante.
Assim era aquela descoberta tão nova e excitante, aquela que lhe domina o corpo e nos faz perder a razão, tremer e até enlouquecer: a paixão.
Após as aulas, era atrás da capela que ele ficava esperando o aparecimento da moça.
Quando lhe roubou o primeiro beijo, sentiu o fogo do prazer lhe aquecendo por dentro.
Era só um menino vivendo o desabrochar da puberdade; o descobrimento da sua sexualidade.
Ainda não entendia bem o que sentia, mas quanta emoção já tinha!
Ah! Nossa primeira paixão! Uma verdadeira explosão!

O Divino

Na convicção de um idealista
Na persistência de um revolucionário
Na paixão de um artista por seu ofício
Na sanidade de um louco
Nos paradoxos da vida
Nos nossos tropeços e provações
Na lógica dessa energia cósmica
Permeando entre espaços infinitos: O Divino
Denominações humanas para o irracional: Buda, Alá e Jesus Cristo.
Uma busca mística incessante
Amparo na dor e sentido ao belo
Não importando sus forma ou nome: O Divino
Princípio que rege tudo que existe
Curiosamente, até os céticos, estarão a te procurar.

Recanto

No teu ser me inspiro e fico a te contemplar, querido.
Quando meus passos não me guiarem na direção certa,
É no teu colo que buscarei conselho.
Teu ombro amigo, recanto.
Levo comigo a tua presença distante, uma lembrança.
Nas tranças da solidão, sei que um dia repousarei.
Sei também que nessa hora estarás comigo.
Em silêncio, na tua luz buscarei abrigo.
Lar de pensamento; não sentirei mais frio.

domingo, 1 de junho de 2014

O Natal da vaca mansa

A vaquinha que pastava
Ouve o sino que batia
Alegre na capelinha
No findar daquele dia.
O que será que acontece?
Todo ano nesse dia?
Perguntava a vaca mansa
Realmente, não sabia
Foi andando pra capela
E chegando bem pertinho
Viu lá dentro no seu berço
Um bonito garotinho
Viu Maria, viu José
Viu carneirinhos, um burrinho
Foi entrando devagar
E juntou-se ao grupinho
E assim formou-se o presépio
São José, Nossa senhora
A vaquinha e o burrinho
E Jesus nascido agora
Todo ano na capela
Toca o sino, toca o sino
Venham todos festejar
Nasceu o Jesus menino

Os porquinhos

Dois porquinhos cor-de-rosa.
Que acabaram de nascer.
Saíram despreocupados.
Para o mundo conhecer.
Dona porca ansiosa.
Procurava seus filhinhos.
Ninguém viu, ninguém sabia.
Coitados dos seus porquinhos!
Perguntam ao Seu Alfredo: Não viu os meus bacurinhos?
Não senhora Dona porca.
Eu não vi os seus porquinhos.
Viu os meus porquinhos Seu gato?
Não passaram por aqui?
Dois porquinhos cor-de-rosa?
Não senhora, nunca vi.
Vou perguntar ao cachorro
Se passaram por aqui.
Dois porquinhos bem bonitos,
Dona porca, eu não vi.
E Dona porca nervosa.
Não achava seus filhinhos.
E resolveu perguntar
A todos os passarinhos.
Um bem-te-vi muito alegre
Que passava devagarinho.
Pousou no ombro da porca
E lhe falou bem baixinho:
Não se aflija Dona porca,
Nem procura por aí.
Olhe bem para seus filhos.
Eles estão bem ali.

A bela fazenda

Era uma bela fazenda.
Cheia de encantos para mim.
Tinha uma bela moenda.
Tinha vacas, tudo enfim.
Nas tardes de Sol eu ia.
Passear dentro da mata.
E dali a gente ouvia.
O barulho da cascata.
De manhã eu trabalhava
De tarde só brincadeira.
Corridas dentro da mata
E banhos na cachoeira.
Se chovia eu ficava.
Na varanda com o Tião.
Ele contava histórias.
Dos tempo que já lá vão.
E quando a noite chegava
Tocava seu violão.
E com jeito sossegado
Cantava uma canção.
Quando meu pai me buscava
E levava pra cidade.
Eu pensava na fazenda.
Me lembrando com saudade.
Se queres saber das coisas.
Que tenho para lembrar.
São todas as coisas boas.
Coisas tristes nem pensar.
São todas as coisas belas.
Os riachos, o luar.
As flores e nuvens brancas.
Campos verdes, verde mar.
São as belas cachoeiras
As florestas, os ninhais.
São as folhas dos pinheiros
E o vento nos milharais.
Os raios de Sol
E até os temporais
Com todos os seus rugidos]
E os fortes vendavais.

A abelhinha

Era uma vez uma abelhinha
Alegre e trabalhadeira.
Voava de manhã cedo
Pra longe da colmeia.
Quando encontrava uma flor
Avisava as companheiras.
Elas corriam para lá
Apressadas e ligeiras.

Era uma vez uma abelhinha.
Alegre e trabalhadeira
Voava de manhã cedo
Pra longe da colmeia.
Colhia todo o néctar
E levava pra colmeia.
E no final da tardinha.
A dispensa estava cheia.
Tinha mel no mês de Agosto.
Tinha mel de Fevereiro.
Cada um tinha seu gosto.
Cada um tinha seu cheiro.
Alimentavam-se todas.
Daquele mel tão gostoso.
Na colmeia que ficava
Num cajueiro frondoso.

A corujinha

Se eu fosse uma corujinha
Não queria nem saber.
Ficava quieta num canto
Esperando anoitecer.

Anoitecendo eu saía
Pra caçar os meus bichinhos
E passava a noite inteira
Enchendo bem o meu buxinho.

Amanhecendo eu voltava
Pro galho do Burití
Onde fica a minha casa
No bosquinho bem ali.

Chegando a noite eu voltava.
A caçar bela e faceira.
Olhava tudo e voava
Feliz à minha maneira.

Uma linda borboleta

Uma linda borboleta
Pousada no meu jardim.
Quando fui chegando perto
Voou pra longe de mim.

Eu não queria pegá-la.
Só queria olhar pra ela
Pra ver bem de pertinho
Uma coisa tão bela.

A borboleta tem medo
E é bom que seja assim
Pois tem muita gente boa
Mas também gente ruim.

O peixinho

Se eu fosse um peixinho
Do fundo do mar
Viveria contente
Feliz a nadar.

Nadava pra longe
Nadava pertinho
Nadava ligeiro
ou devagarinho.

Se visse outro peixe
Chegava pertinho.
Se fosse um amigo.
Abanava o rabinho.

Fresquinha é a água
Suave é nadar.
Que bom ser um peixinho
Do fundo do mar.

SESSÃO INFANTIL DE POESIAS DA VOVÓ

A CASA DA MINHA AVÓ

Gostamos muito da casa da nossa avó Andrela.
Lá brincamos, lá brigamos.
Vivemos junto com ela.

Passamos o dia todo na casa da vó Andrela
E a noite também ficamos pra dormir na cama dela.

Nós três atravessadas na cama larga e macia
Acordamos descansadas na manhã do outro dia
E assim passamos o dia na casa da minha avó
Revirando a casa toda.
É bagunça de dar dó.

Desfilamos pela casa com as roupas da vovó.
Camisolas bem compridas e echarpes de dar nó.

Às vezes nós costuramos almofadas com rendinha
E assim nos distraíamos toda a manhã e à tardinha.
Tomamos banho juntas com a banheira bem cheia.
E ali então brincamos, uma hora, hora e meia.

Toda a tarde tem um bolo,
feito por nós ou por ela.
Um dia de chocolate,
outro de cor amarela.

Tarde da noite acordadas
Queremos brincar e rir.
A vovó já bem cansada: Nada disso, vão dormir!

A Cintia não quer comer.
Diz que não gosta de nada.
Do feijão, da carne assada, muito menos da salada.

Flavinha come franguinho.
Priscila come feijão.
As duas comem batata
Cintia come macarrão.

A Priscila quer caldinho
De bife ou de feijão
Mas depois na sobremesa
Diz que não quer mamão.

Nossa avó faz costurinhas.
Faz bordados, faz tricô
E ainda tem muitos livros
guardados por meu avô.

Tem alguns livros de história.
Muitos de estudo e romance.
Estão todos guardadinhos
Arrumadinhos na estante.

Beija flores na janela
Bebem água açucarada
Barriguinhas amarelas
Também vêm em revoada.

E daqui a muitos anos
Depois que a vovó se for
Lembraremos desses dias
Com saudade e com amor.

Obs: Esse texto e os demais textos infantis, que seguem na sequência acima, são todos de autoria de minha avó Andrelina e foram escritos quando ela ainda era viva, especialmente, para suas três netas. Quis registrá-los aqui para mantê-los sempre na lembrança e para que outras pessoas também possam lê-los.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

O ser de diamante

Todo o diamante é delicado
E por ser delicado se quebra facilmente
Porém, em sua beleza se esconde a sua força
Força esta que está presente nas entranhas mais profundas das rochas
Riqueza esta que é difícil de se achar
Não te encontro no amor vazio e superficial
Não te encontro no meu orgulho bestial e insensível
Não te encontro em qualquer esquina e nem nos meus suspiros e soluços
Mas ainda não te encontrei também por meio do meu generoso ser
Onde estás? Onde estás? Onde estás? E quem tu és?
Teus restos minúsculos e disformes se omitem no escuro
e fica tudo tão distante....
Como posso conhecer a tua face obscura e longínqua, porém tão reluzente?
Como posso sentir a tua essência tão rara e nobre?
Será preciso lapidar-me mais a cada dia para um dia em ti me reencontrar?
Essa é a natureza daquilo que é raridade como diamante
Brilha aonde estiver
Mas é penoso descobrir a tua luz vibrante
Pois tortuosos e sofridos são os teus caminhos
E enquanto aquilo que é único e precioso não se une ao que é único e precioso,
solitárias estarão as tuas partes apartadas
A sonhar com esse tesouro perdido
que deseja desvendar o teu verdadeiro ser de pedra rara:
O ser de diamante.

quinta-feira, 27 de março de 2014

O mistério chamado dor

A dor acompanha a história do homem
Ela desafia nossas forças no mundo
É misteriosa e usa vestes sombrias

Não sabemos os seus porquês
Porém todos estão expostos aos seus trajetos
É ela que dita e estabelece a sua vontade quando deseja
E com ela temos que aprender a caminhar, tropeçar, recomeçar, crescer e crer

Não entendemos os seus propósitos
Mas a natureza sabe
Cada qual traz a sua bagagem
E assim seguem os ciclos de queda e de ascensão da humanidade

A dor quer nos ensinar
Mas resistimos à sua maestria
Não percebemos a sua soberania
E persistimos sem aprender com o seu conteúdo

Como uma casca de noz em que é preciso bater e quebrar para se ver o que há dentro
Assim é o sofrimento da humanidade em que nosso interior é contorcido
Nosso íntimo ser é chamado a indagar-se sobre o motivo de tais desacatos
Desacato da vida para conosco
Peças que necessitam de um encaixe, mas não sabemos ao certo qual é o pedaço faltante

E como num quebra-cabeças
a dor é o veículo necessário para encontrar o que falta
O preenchimento para nossas almas
O alívio que tanto almejamos sem suspeitar

Assim é a dor e a sua beleza
Onde está o seu habitat?
Nas comunidades que buscam insanamente a harmonia?
Na natureza inerente aos seres humanos?
Na busca por paz e serenidade?

Assim é a dor:
Justa e altruísta?
Produzida ou fatalista?
Fruto do destino ou do livre arbítrio?

São perguntas sem respostas
Porém a dor sempre estará presente
em qualquer cultura ou tempo
Assim é esse duro e doce mistério chamado dor.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Amor de mãe

Um bom coração de mãe atua em um silêncio diário
Em um frango bem temperado que comi ainda ontem
Em uma blusa engomada bem passadinha para o trabalho do filho
Em um conselho acolhedor
Mãe lembra de um filho mesmo quando esse a esquece
Mesmo quando ele está na correria de sua luta diária distante
A oração maternal o protege dos perigos da vida
Um olhar carinhoso guia seus passos e o ampara na solidão
Mãe ouve, aconselha, acompanha e atura
Ouve nos desabafos
Aconselha na indecisão
Acompanha nossa evolução e fracassos
E atura todos os nossos defeitos
Porque mãe é mãe e pai juntamente
É amiga e companheira de todas as horas
É um doar-se sem limites
É um ninar-te no colo em qualquer época
E somente quando suas pernas não mais caminham
E seu corpo não mais responde aos avanços de sua idade
Podemos finalmente ser mães e pais de nossas mães
E retribuir em dobro tudo o que fazem incessante e incansavelmente por nós, seus filhos.

O ser de luz

O ser de luz representa a esperança
Irradia paz, gratidão e amor
Cada gesto mudo transforma o dia de alguém que chora
Impede o pior na escuridão
Estende a mão a um desesperado
Sinaliza um alerta aos insanos
e um canto aos abandonados

O ser de luz é o futuro da humanidade
É rastro e caminho a ser seguido por todos
É sabedoria diante da dor e da vida
É o exemplo soberano que nos resta
Assim é esse ser etéreo e espiritual
Delicado e sutil
Altivo e sublime
Veloz e sereno
Onipresente e radiante como os fios de cabelo do Sol

E dessa luz somos parte desgarrada;
porém integrante
E a esse ser voltaremos
Esse é o nosso ser
Assim é o ser que reluz
em qualquer tempo ou Era
Assim é o ser de luz.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Ser mulher

Como pedra dura que não quebra
Como escudo de aço impenetrável
Como um inseto resistente que sobrevive
Como porcelana que facilmente se destrói
Como um símbolo de propaganda de cerveja
Como algo meramente material
Assim somos reduzidas

Como um copo vazio sem conteúdo
Como um livro onde não há nada escrito,nenhuma história
Como serpente que induz o homem ao erro
Como princesas ou bonecas,delicadas e fisicamente belas
É essa a identidade atribuída ao nosso sexo
Assim somos reduzidas

Porém,mulher é um mundo rico e desconhecido
É um místico interior
É um colo protetor maternal
É um ombro acolhedor e conselheiro

Mulher é fortaleza,posto que resiste a tantos bombardeios
E apesar de tudo luta para manter sua integridade
Na realidade,estou me referindo às mulheres de verdade
Mulher que não perdeu a sua femilidade mesmo diante de tanta agressão

Mulher é luz num mundo sombrio
Leva amor onde há ódio
Leva união onde há discórdia
Gera a vida,fazendo renascer a esperança
Gera calor em meio a indiferença e a frieza

Ora,mas ser mulher é também sentir-se só
Pois nos preocupamos com um mundo que parece,às vezes,estar contra nós
E quem nos estende a mão quando mais precisamos?

Assim,andando contra maré,unimos nossos corações incompreendidos e cansados ao encontrarmos com as outras:nossas amigas
Desabafamos e ansiamos por um momento em que sejamos admiradas pelo que há de nobre em nós
E não como uma produção artificial e condicionada à vontade de outrem
E como todos os seres,queremos ser lembradas e amadas

Ser mulher é ser parte importante da natureza e da sociedade
É gritar por justiça
É desejar gratidão e reconhecimento
É ter que viver nesse mundo torto de valores invertidos
É ser mãe se quiser ser,
É ser esposa se quiser ser,
É ser trabalhadora também se quiser ser
É ser amiga,já que esse pode ser também o nosso ser
Tudo isso sim é,verdadeira e humanamente,ser mulher

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Nudez

Estar nu é retirar nossas máscaras
É exibir nossos podres e fraquezas
É não nos envergonharmos de sermos nós mesmos
independente do julgamento alheio

Estar nu é não ter medo de não ser compreendido
É enxergar a si próprio como se é,
como se sente em cada momento,
sem discriminações

Nossa nudez está coberta e afogada
Nossa pulsão de vida está reprimida,acomodada e conformada.
E esse comodismo acomoda a gente
como um preguiçoso que fica na poltrona o dia todo
Acomoda as coisas sem transformá-las
Se conforma com as injustiças e com os padrões
não indo atráz da sua verdadeira identidade

Dessa forma,em um mundo onde todos tirassem suas roupas,
poderíamos ser mais honestos com os outros e com nós mesmos.
Nus,não precisaríamos ser como barbies ou superhomens
Seríamos como seres humanos
que buscam cândida e genuinamente por algo maior

Nossos mitos

Mitos são como uma roupa molhada grudada no corpo
Uma vez que nos contaminam
ficam nos iludindo e distorcendo a nossa percepção

Refiro-me aqui aos falsos mitos,
aqueles que nos enfraquecem
e consomem a nossa energia vital

Pudera o homem poder se despir desse falso véu que carrega o peso de suas vivências mal compreendidas
Pudera o homem, em um piscar de olhos, reconstruir a si próprio
como um novo nascimento
Re-nas-ci-men-to

Nossos mitos são aquelas crenças que carregamos devido a algum sentimento, que em certo momento, surgiu em nós,
seja de alegria ou de dor
Se foi de alegria,então, ao olharmos para o objeto que nos lembra essa lembrança,sorriremos.
Sentiremos um bem-estar e juntamente com ele virão mais um monte de idéias belas e produtivas para a vida.

Mas e se o sentimento foi de dor?
A dor parece um chiclete certas horas.
Ela é grudenta e o perigo é nos identificarmos com ela
É nos apegarmos a ela como se ela fosse um braço, uma perna nossa ou uma gêmea siamesa
Isso, porque com ela brotam também os pensamentos negativos e equivocados sobre a vida e sobre nós mesmos

Por isso,façamos o possível para afastá-la de nós
E se ela não se afastar por bem,
que seja por mal
Como um pai que coloca um filho de castigo para que ele aprenda algo com isso,
coloquemos as nossas falsas dores na prateleira ou debaixo da terra para desenterrá-las apenas quando a lembrança delas não tome mais a forma de um mito poderoso,
que nos puxa para baixo, impedindo-nos de aprender com ela.

A dor é necessária e cumpre a sua função,
mas não aquela dor que é fruto dos nossos falsos mitos ,
que distorce a realidade por ser pretensiosa e egoísta e por querer nos prender a ela a todo custo

Sejamos capazes de nos livrar das ilusões
Sejamos capazes de enxergar os acontecimentos por novos ângulos aos quais o acesso fica obstruído por tais crenças

Beleza e irracionalidade
Por que mesmo que a vida pareça irracional certas horas,
ainda assim,ela não perde a sua beleza e é sempre digna de ser vivida

Por isso,lembremos: Cada minuto dessa espécie de sofrimento representa um minuto a menos de verdadeira felicidade que foi-se pelo ralo e que não voltará nunca mais.

Intimidade

Há tantas partes que eu escondi,neguei e perdi
Houve tantas formas que eu me prejudiquei por querer me vingar
Há tantos tons que eu ainda tentei ocultar enquanto pintava
E há tantas melodias que eu canto secretamente enquanto espero

E aí você chega e convida todas essas partes a deixarem de se esconder
Este convite é o único em que eu parei de relutar
Obrigada por me ver e por me fazer sentir tão menos solitária
Obrigada por me entender
Estou curada pela sua empatia
Ah,essa intimidade, intimidade

Houve tantas vezes em que pensei que morreira sem ser verdadeiramente conhecida
Houve tantos momentos para sempre solitária na minha vocação
E aí você aparece e celebra cada sentimento
E lá está você,todo honra e indagação

Obrigada por me ver
E por me fazer sentir tão menos solitária
Obrigada por me entender
Estou curada pela sua empatia
Ah,essa intimidade, intimidade

Houve um dia onde a confiança que estava sendo solicitada a mim requeria muito,você entende?
E demorou para aceitar a sua generosidade
E me conhecer o bastante para deixar você me ajudar
Obrigada por me ver e por me fazer sentir tão menos solitária
Obrigada por me entender
Estou curada pela sua empatia
Ah,essa intimidade, intimidade
(música de Allanis Morissette)

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Cegueira

Estamos cegos!
Não conseguimos enxergar a nossa própria degradação
Deixamo-nos conduzir por um rio poluído
Precisamos de purificação!

Arrancar nossos cravos,
catar nossos piolhos,
atirarmo-nos ao mar,
respirar ar puro,
alimentarmo-nos de músicas e palavras belas,
inspirar nobres valores em cada ato simples
e somente assim poder recuperarmo-nos dessa cegueira.

Olhar para o íntimo de cada ser
Re-nas-cer
Admirarmos uns aos outros naquilo que cada um tem de melhor
Não apenas falar, aparentar, prometer
Ação!Mais ação e menos blá,blá,blá
Mais sentimentos humanos e menos agressão
Mais amor,menos competição
Mais união,menos solidão

Se não for assim,
então para que dois olhos e não um?
Por que um olho e não nenhum?
Não é válido ter olhos e não ter sensibilidade
Assim como não é válido existir apenas para nós mesmos

Não há tempo a perder
Esterilização de almas!
Faxina moral!
Há que se combater essa cegueira social!
(texto baseado no livro Ensaio sobre a cegueira-José Saramago)